domingo, 5 de fevereiro de 2017

TUA OPINIÃO

TUA OPINIÃO
Vânia de Farias.

Agradeço-te amigo, a opinião sincera
eivada das mais nobres intenções
entretanto, fico aqui com meus botões
são inúmeros, os sinceros em meu caminho


com vontade bem forjada, em ajudar
e pedindo que de mim, eu me despeça
para eu ser, movida, como peça
em engenhoso jogo de xadrez.


Outros dizem, que não posso permanecer
no armário em que me encontro agora
que meus versos, não causam o assombro
que os mesmos, esperavam ansiosos


necessitam, ainda do espetáculo,
da nudez explícita e escandalosa
acusam-me de ser mulher medrosa
em mostrar minhas entranhas, já expostas.


Pergunto-te amigo: que queres?
que eu passe, por autópsia consentida
já viste, alguém deitar naquela mesa
a espera como um louco suicida?


Por Deus! amigo, deixa-me quieta
calada por um segundo que seja
me revelando, se assim eu o deseje
eis que mesmo, o corpo de um defunto


só pertence, aquele que o quer:
um amigo, um filho, ou um irmão
qualquer parente, aderente que vier
a cuidar, do espólio se tiver.


Os estranhos, jamais terão direito
ao pobre corpo, sem vida ou função.
Como queres, que eu me mostre
para tantos?


E me exponha ao ridículo, quanto
ataque, ao escárnio, popularesco
qual um momo
desfilando, bem depois do espetáculo


já nas cinzas, de seus dias de ventura
a espera de seu sábado de aleluia!
Hoje lúcida, identifico a zombaria
que me atinge, quanto atinge 


a outros, tantos: às mulheres,
prostitutas, lavadeiras,
negros, índios, travestis cambaleantes
professores, os garis, ou vagabundos,


homens simples, medianos
ou mesmo santos.


Vânia de Farias
Lei nº 9.610, de 19.2.1998 (Lei de Direitos Autorais)
Súmula nº 386 do STF
Janeiro de 2016.
Imagem: Google

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